quarta-feira, 16 de maio de 2012

Restinga

"No Brasil, chama-se restinga um terreno arenoso e salino, próximo ao mar e coberto de plantas herbáceas características. Ou ainda, de acordo com a resolução 07 de 23 de julho de 1996 da CONAMA, "entende-se por vegetação de restinga o conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha. Estas comunidades, distribuídas em mosaico, ocorrem em áreas de grande diversidade ecológica sendo consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do solo que do clima"."

Restinga é sinônimo de recife.















*  Subdivisão
Consideramos, aqui, as características do litoral sudeste do Brasil, pois, segundo Suguio & Martin (1987) a costa brasileira pode ser dividida com base em critérios oceanográficos, climáticos.

Vegetação de praias e dunas

Exemplo de vegetação da restinga Área sujeita à influência de fatores ambientais, como marés, ventos, chuvas e ondas, o que faz com que seja uma região dinâmica. Parte da vegetação é considerada pioneira, colonizando espaços abertos em outras áreas, iniciando o processo de sucessão. É uma região de baixa diversidade de espécies e poucos indicadores de dominância entre as espécies, ou seja, possuem distribuição homogênea.
O substrato das praias é formado por areia de origem marinha e conchas. A granulometria e o tipo de mineral predominante variam ao longo da costa. O substrato é periodicamente inundado pela maré, o que limita o desenvolvimento de certos tipos de plantas e a ocorrência de certos grupos de animais. O solo das dunas é arenoso e seco, sofrendo ação dos ventos que remodelam-no constantemente. Pode receber borrifos das ondas, mas raramente se torna úmido.

Quanto à vegetação, se traçarmos um transecto da região entre marés em direção às dunas, encontraremos no início, apenas algas e fungos microscópicos, em seguida plantas com estolões e rizomas que podem formar touceiras e raramente algum arbusto. O estrato herbáceo ocorre somente nas dunas e o arbustivo varia entre 1 e 1,5 m de altura com diâmetro máximo de 3 cm. As epífitas ocorrem no estrato arbustivo, são elas: bromélias, fungos, líquens, musgos e orquídeas.



Espécies vegetais comuns: Blutaparon portulacoides, Ipomoea imperati, Ipomoea pés caprae , pinheirinho de praia (Polygala cyparissias), gramíneas (Spartina spp.), açariçoba (Hydrocotile sp.) e algumas cactáceas (Cereus peruvianus, Opuntia monoacanhta), entre outras.

A região entre marés possui importância para alguns grupos de aves migratórias originárias do Norte ou Sul do globo, pois que utilizam esta área para descanso e alimentação (p.ex. pinguins, gaivotão, maçarico). Para tartarugas marinhas (careta, verde) funcionam como área de reprodução (desova). Muitos mamíferos marinhos utilizam as praias para descanso, alimentação e acasalamento (elefante marinho, lobo marinho).A fauna permanente é composta principalmente por invertebrados, como moluscos e vermes cavadores (componentes da infauna).

As dunas funcionam como área de descanso e alimentação e rota migratória para alguns falcões (peregrino) e águias, maçaricos, entre muitas outras aves. Em áreas alteradas, as aves migratórias desaparecem e surgem as oportunistas (coruja-buraqueira, anu branco, gavião carrapateiro).

Vegetação entre cordões arenosos




Esta vegetação pode ser subdividida em três regiões:
*  Escrube

*  Floresta baixa de restinga

Estratos arbustivo e arbóreo predominantes, com dossel aberto. As árvores possuem, em média 3 à 10 m de altura, com diâmetro entre 5 e 10 cm, podendo ocorrer árvores emergentes de até 15 m de altura. Nesta região, ocorre grande variedade e quantidade de epífitas representadas também por bromélias, orquídeas e liquens. Trepadeiras são raras, um exemplo é o cará (Dioscorea spp.).

Composta por substrato arenoso seco de origem predominantemente marinha, esta floresta forma uma trama superficial de raízes que abriga uma camada fina de serrapilheira com muitas folhas ainda não decompostas.

Os animais utilizam esta área como local para pouso, no caso das aves, alimentação, reprodução, dormitório e rota migratória. Entre eles temos a saíra peruviana e o papa-mosca de restinga, ambos endêmicos.

Vegetação arbustiva, com ramos predominantemente retorcidos, formando moitas, intercaladas com espaços abertos ou em aglomerados contínuos com plantas de até 3m de altura. Poucas plantas epífitas, representadas por liquens, samambaias, bromélias e orquídeas. Trepadeiras ocorrem com mais abundância e diversidade e o estrato herbáceo também é frequente.

O solo é arenoso de origem marinha e seco, podendo acumular água da chuva em determinadas épocas do ano. Possui uma camada fina de serra pilheira, aumentada em volta das moitas formadas por arbustos e herbáceas

As espécies vegetais mais comuns são: Dalbergia ecastophyllum, orelha de onça (Tibouchina clavata), erva baleeira (Cordia curassavica) pitanga (Eugenia uniflora), orquídeas terrestres (Epidendrum fulgens , Catasetum trulla), bromeliáceas terrestres (Nidularium innocentii , Quesnelia arvensis), samambaia de buquê (Rumohra adiantiforma), entre outras.

Os animais que se utilizam desta área são, principalmente, aves migratórias e residentes, como saíras, tucanos, arapongas, bem-te-vis, macucos e jacus.

*  Floresta alta de restinga
Vegetação predominantemente arbórea, com dossel fechado e árvores de 10 à 15 m de altura, com diâmetro aproximado de 12 à 25 cm, podendo existir plantas com até 40 m de altura e 40 cm de diâmetro. Alta diversidade e quantidade de epífitas e trepadeiras. O subosque é composto por plantas jovens do estrato arbóreo e arbustos.

O solo é arenoso de origem predominantemente marinha, ocorrendo às vezes mistura de areia e argila (material proveniente do continente), com uma espessa camada de serrapilheira e húmus, desenvolvendo um pH ácido, em torno de 3. Algumas regiões sofrem inundações.

Fauna composta por animais residentes e migratórios, sendo que muitos visitam esta área para alguma atividade (alimentação, nidificação, etc), porém são provenientes das áreas de encosta ou de transição. Aves: papagaio-da-cara-roxa, jaó do litoral, saracura-três-pontes; mamíferos: mico-leão-caiçara, queixada, bugio e mono-carvoeiro.

Vegetação associada à depressões
Esta vegetação é característica de região entre cordões arenosos e áreas formadas à partir do assoreamento de áreas úmidas (lagoas, braços de rio, afloramentos do lençol freático, etc). Pode ser subdividida nos seguintes tipos:

Vegetação entre cordões arenosos
Fisionomia herbáceo-arbustiva, com plantas atingindo até 1,5m de altura. Baixa diversidade de espécies, não apresenta exemplares de trepadeiras e epífitas. Entre as plantas mais comuns estão o Lycopodium spp., algumas gramíneas, ciperáceas, o botão de ouro (Xyris spp.), Tibouchina clavata e Drosera villosa.

Possui importância para os animais como local de reprodução de aves aquáticas (guará, quero-quero, irerê, pato-do-mato e saracura), além da lontra e do jacaré de papo amarelo.

*  Floresta de transição restinga - mata de encosta
Ocorrem na planície, diretamente ligadas às formações descritas anteriormente, mas também associadas à floresta ombrófila densa de encosta. O solo é seco,formado por deposição de areia, avançando sobre o substrato de origem continental, bastante argiloso devido ao contato com a mata de encosta, com camada espessa de húmus e serrapilheira.

Vegetação arbórea predominantemente, com dossel a uma altura de 12 à 18m, com emergentes de mais de 20m. É composta também pelo estrato arbustivo e herbáceo. Epífitas em abundância e grande variedade, quantidade média de trepadeiras.

Vegetação característica: juçara (Euterpe edulis), carne de vaca (Roupalla spp.), bico de pato (Machaerium spp.), guaricanga (Geonoma spp.), Ocotea spp., Nectandra spp., jequitibá-rosa (Cariniana estrelensis)

Os animais que ocorrem com mais freqüência são: papagaio-da-cara-roxa, saracura-três-potes, mico leão caiçara, queixada, mono-carvoeiro, bugio, jaguatirica, onça parda, onça pintada, gato do mato e gato maracajá.


*  Geomorfologia da Restinga

O conceito de restingas pode variar dependendo do aspecto considerado. O termo pode ser usado com sentido náutico (Caldas Aulete, 1980), significando um banco de areia ou pedra em alto mar, constituindo um obstáculo à navegação, ou com conotação geomorfológica, onde, restinga refere-se a vários tipos de depósitos arenosos costeiros, de origem bastante variada como, por exemplo, cristas praiais, praias barreiras, barras, esporões e tômbulos (Suguio & Martin, 1990). A formação destes depósitos arenosos é de origem quaternária e, através de diversas pesquisas realizadas no litoral Sul e Sudeste do Brasil, tornou-se clara a compreensão das características geomorfológicas de amplas áreas de sedimentação. Seus solos são chamados de Neossolos Quartzarênicos (EMBRAPA, 2007)


 

Proteção legal
Para conter a degradação de restingas, garantindo, especialmente, que estas possam continuar exercendo sua importante função ambiental de fixadoras de dunas e estabilizadoras de manguezais, o Código Florestal brasileiro (Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965) enquadra as restingas como Áreas de Preservação Permanente - APP, não podendo as mesmas serem devastadas, conforme seu art.2º, alínea "f". A Resolução Conama 303, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de APP, estabelece que constitui APP a área situada nas restingas: em faixa mínima de 300 m, medidos a partir da linha de preamar máxima; ou em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues
.

1º A - MANHÃ

3 comentários:

  1. Que legal!!! Vocês estão pesquisando e conhecendo muitas coisas!! Parabéns

    Quero divulgar um site muito bom sobre o tema:
    www.ufal.br
    Vocês vão encontrar muitas informações importanrtes nas pesquisas do pessoal de Alagoas. Todo mundo se preocupando nosso meio ambiente terá uma chance de ser conservado!!!
    Bjuss Professora Dani

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  2. CONAMA retiró do texto a parte que define como APPs, nas restingas, uma faixa de 300 metros a partir da linha de preamar máxima.
    LEJA BEM:
    A Câmara Técnica de Gestão Territorial e Biomas, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), aprovou propostas de alteração na resolução 303/2002, que estabele parâmetros, definições e limites relativos às Áreas de Proteção Permanente (APPs). As propostas foram encaminhadas pela Secretaria de Biodiversidade e Floresta do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
    Segundo o MMA, os objetivos das mudanças é aprimorar a norma retirando dela o que seria simples repetições do Código Florestal e reformulando definições que provocaram insegurança e distorções na aplicação da norma. A proposta de alteração segue agora para a Câmara Jurídica e, caso seja aprovada, deve ser votada em plenário, na reunião do Conama marcada para o mês de novembro deste ano.
    As alteração envolvem três pontos essenciais, de acordo com João de Deus Medeiros, diretor do Departamento de Florestas do MMA: o primeiro diz respeito à APP de margem de rio, com a alteração do conceito de “nível mais alto”; o segundo à metodologia para medição das áreas de topo de morros, e o terceiro que retira do texto a parte que define como APPs, nas restingas, uma faixa de 300 metros a partir da linha de preamar máxima.
    Ele explicou que as regras estabelecidas com a aprovação da Lei da Mata Atlântica, conjugadas com as previsões do Código Florestal, já garantem proteção específica a essa área, sem os conflitos estabelecidos com a definição de uma faixa limitada.

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